A marca dos Correios é um plágio?

Em maio os Correios lançaram nacionalmente sua nova identidade visual, e eu opinei sobre esse caso aqui. Ao meu ver o resultado - apesar de abaixo do esperado - ainda teve um saldo positivo ao engajar funcionários e modernizar a imagem tão desgastada da empresa. Em termos de branding os Correios conseguiram acertar, mas e em termos técnicos de estrutura? Nem tanto.

As opiniões se dividiram - entre o público leigo a aceitação positiva do novo logo dos Correios foi quase total, já entre o público da área houve indignação devido ao trabalho decepcionante de uma empresa que ganhou muito por um projeto enorme. Realmente, se analisarmos por uma ótica puramente gráfica o logo apresenta dois problemas: uma tipografia mal construída e um símbolo genérico. 

Na parte de tipografia, um bom artigo foi o da Marina Chaccur, e eu tenho que concordar com ela em alguns pontos, principalmente em relação às falhas tipográficas do logotipo Correios. Por fim vemos letras mal planejadas e mal executadas, inaceitável para um projeto dessa magnitude. 

tipografia correios


Análises do logotipo feitas por Marina Chaccur

Quanto ao símbolo, quando o logo foi divulgado várias pessoas acusaram os Correios de plágio, enviando imagens de diversas marcas, algumas similares e outras nem tanto. A nova identidade dos Correios foi registrada no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), isso significa que ela foi aceita como única e original e está protegida por lei. Mas isso não impede que reflitamos sobre possíveis coincidências gráficas existentes no mercado.

marcas iguais correios

Alguns exemplos apontados como similares à marca dos Correios

Dentre as acusações uma me chamou à atenção. Meses antes de lançarem a marca dos Correios uma empresa do Espírito Santo redesenhou sua identidade de forma muito semelhante. A Polimix Distribuidora apresenta um logo com setas similarmente posicionadas, se diferenciando apenas nos cantos retos e na cores. 

correios plágioComparação entre Correios e Polimix, marca lançada ano passado

O projeto da Polimix, realizado pela Life Brand, custou R$ 8 mil segundo a agência, já o dos Correios é a CDA Branding & Design e teve um custo divulgado de R$ 390 mil. Como uma diferença tão grande de orçamento pode gerar projetos incrivelmente similares?

Muita gente se pergunta, é plágio ou não? 
A minha resposta para essa pergunta é: não é plágio, é apenas genérico demais.
A gente não vai recorrer legalmente a um direito sobre isso. Por ser uma marca gráfica muito genérica - duas setas -, acho difícil afirmar que foi uma cópia. Não acredito que foi intencional" Igor Franzotti , sócio e diretor de criação da empresa Life Brand.
O genérico permite uma série de interpretações, uma série de histórias que podem ser contadas para explicar a mesma coisa, já que ela por si própria não diz muito. As setas podem significar “uma poderosa capacidade para conectar pessoas”, “proximidade, inovação, flexibilidade, dinamismo”, podem representar uma distribuidora, ou até mesmo alguma outra empresa. Ou seja, elas podem dizer muito e não dizer nada - esse é o problema e a solução do uso do genérico.


Correios x Polimix: um símbolo que pode significar uma gama de coisas

Uma marca como os Correios deve estar acima do genérico e de uma tipografia mal construída, é uma marca que deveria ter relevância, que aporta conceitos nacionais e que representa serviço muito importante para o país. É uma marca que custará ao todo R$ 42 milhões e, apesar de uma boa comunicação e estruturação de marketing, publicidade e endobranding, peca na parte gráfica ao investir no genérico.

A marca Correios cumpre sua tarefa, mas de forma totalmente burocrática e sem emoção. Não sei se por processos engessados da estatal ou por medo da agência de design, mas quando um projeto de R$ 390 mil pode ser equiparado em qualidade gráfica à um de R$ 8 mil, tem algo errado.

Mesmo sendo um redesenho da logo anterior faltou um pouco de ousadia e qualidade técnica para um projeto de tamanha magnitude.

Mas plágio não é.


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O novo branding esportivo: case Copa América

Apesar do fracasso total – inclusive gráfico - da Copa do Mundo 2014, a nova identidade visual da Copa América nos mostra que ainda há esperança para um trabalho de qualidade na área e surpreende ao quebrar os padrões e nadar contra a corrente.

O mercado dos esportes movimenta milhões pelo mundo, e não é só em contratações e publicidade, as agências de branding também entraram de vez nesse jogo. Aqui no Brasil temos o exemplo da Tátil Design que criou a identidade dos Jogos Olímpicos 2016 e como referência internacional temos a portuguesa Brandia Central - cada vez mais especialista nesse tipo de segmento - sendo responsável por trabalhos de muita qualidade. Depois de assinar a criação das marca dos campeonatos europeus de futebol UEFA Euro 2012 (Polônia, Ucrânia) e UEFA Euro 2016 (França) a empresa apresentou seu mais recente trabalho esportivo, a marca da Copa América 2015 (Chile).

A Copa América é o mais antigo torneio internacional de futebol, existindo desde 1916. A competição acontece a cada quatro anos - sempre um ano depois da Copa – e é um dos maiores eventos desportivos do mundo, onde, desde 1993, participam 10 países Sul Americanos e mais dois convidados extras. Cada edição é sediada em um países membros da CONMEBOL e o anfitrião do ano que vem é o Chile.

logo copa america 2015

Novo logo da Copa América Chile 2015

Trabalhar com identidades visuais de eventos desportivos significa fazer uma releitura da marca principal baseada na cultura do pais sede. Os valores principais devem permanecer e são revestidos por elementos culturais, agregando um novo conceito para a marca em questão. No caso da Copa América essas releituras eram muito sutis a cada edição, mantendo a mesma linha fria e exata de raciocínio.

logos copa america


Versões antigas da Copa América


A nova identidade da Copa América 2016 marca uma total quebra de padrões para o evento. Sem medo de ousar e primando pelo bom design o logo está revestido de elementos culturais típicos do Chile. Se trata de pensar além da caixa e incorporar elementos emocionais de uma forma visual, conferindo significado à marca. Os valores básicos da Copa América estão presentes: o nome, a bola de futebol e a bandeira do país, mas de uma forma mais experiencial e menos descritiva. Essa é a grande tendência do design de marcas atual.

novo logo copa america
copa america 2015

Referências e conceitos utilizados para criar a nova identidade

A estrela da bandeira nacional é retratada dentro de outra estrela de oito pontas, onde cada uma representa uma cidade sede. Os ícones externos representam: superação, paixão, triunfo e celebração. As linhas cruzadas lembram o desenho do tradicional “kultrun”, um antigo tambor tribal chileno.

A tipografia também foi muito bem trabalhada, ao trazer tipos mais pessoais e ao desequilibrar a importância das informações, deixando Chile 2015 como elemento mais importante do que Copa América. Além disso eles mesclaram tipos manuscritas da identidade principal com tipos retos da identidade secundária (eu vejo já um pouco de excesso, mas não é algo que comprometa a resto do trabalho).

copa america 2015

Identidade visual para as cidades sede

Enquanto todas as outras marcas da Copa América são desmotivadas e de fácil esquecimento essa traz pregnância para durar até o próximo torneio, em 2019. O potencial de engajamento com o torcedor também é visível, pois boas marcas desportivas devem gerar uma conexão emocional forte, para poder inspirar e trazer o torcedor para o evento. Ponto para a Brandia Central!


Numa época onde o “menos é mais” e o flat design domina a cena é inspirador ver um trabalho diferente - com muitos elementos, cores e gradientes - que deu certo e ficou realmente muito bom. Uma marca que não teve medo de quebrar padrões e se auto afirmar em um mercado onde grandes nomes perdem sua identidade em prol de “um perfil mais tecnológico”.
A nova identidade da Copa América reflete a essência do design para o mercado desportivo: emoção, diversidade e um relacionamento apaixonado com o publico. 
Identidades UEFA EURO feitas também pela Brandia Central

Cada tipo de mercado pede um tipo de comportamento, e cada empresa, entidade ou evento tem suas características, por isso cada case de branding também é único. Não se trata de uma receita de bolo onde certos elementos são obrigatórios, no branding vale tudo, desde que reflita a verdadeira essência da marca e passe esses valores ao público – em forma de imagem, serviço, atitudes, publicidade entre outros.

Assim é o branding: da estratégia para arte.


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Correios e sua nova marca

Hoje um dos assuntos mais comentados foi o lançamento da nova marca dos Correios. Sim, nova marca, pois além do novo logo, toda a comunicação, publicidade e serviços foram atualizados também. Um excelente exemplo de trabalho conjunto e timing perfeito em prol do bom branding.

novo logo correios

Na terça feira os Correios apresentaram sua nova identidade visual em um evento em Brasília. O ponto forte do novo logo é a modernização, a releitura tecnológica de uma identidade já maltratada pelo tempo. O projeto foi coordenado pela CDA Branding & Design que executou com maestria os requisitos dos gestores dos Correios: modernidade, modernidade e mais modernidade.

O primeiro logo dos Correios surgiu em 1970, resultado de um concurso, e é de autoria de Eduardo J. Rodrigues, na época estudante de arquitetura e urbanismo. A ideia da concepção vem de um envelope aéreo, com suas bordas geométricas, e trabalha a personalização desse elemento ao inserir conceitos como dinamismo, difusão e movimento. Genial na minha opinião.


Esse logo perdurou por 20 anos, até que em 1990 a empresa atualizou sua imagem e desenvolveu seu manual de padronização, inserindo o azul e o amarelo e instituindo a marca conhecida até então.


Toda a reestruturação gráfica foi consequência do atual momento vivido pela empresa estatal. A sanção da Lei 12.490 em 2011 permitiu que a empresa ampliasse sua área de atuação, oferecendo então novos serviços, como de telefonia móvel virtual e serviços financeiros. A ECT (Empresa de Correios e Telégrafos) - que foi fundada em 1969 - entrou de vez na era tecnológica e precisou mostrar isso ao público.

O redesenho foi um trabalho de grande porte, que está sendo julgado por um público imenso, todos os brasileiros desse país, e está se saindo bem. Ao meu ver o novo design se ateve com rigidez ao briefing, manteve os pontos icônicos da marca - as setas e as cores – e remodelou o resto com um padrão gráfico atual de qualidade.

novo correios

Sem risco, sem excessos e sem excentricidades. O bom branding não é sempre polêmico, o bom branding é o que respeita a essência da marca.
A nova marca dos Correios simboliza confiança, movimento, conexão e inovação. Ela está mais amigável e próxima das pessoas. Livre e contemporânea, está pronta para mais 350 anos.” CDA Branding & Design
Um logo que seria efêmero se visto apenas pelo ponto de vista gráfico, mas que deve perdurar pela estratégia do branding, pois mantém os elementos icônicos da empresa vivos. A construção de um logo não se trata apenas de estética e regras gráficas, mas de estratégia e relacionamento com o público. Os Correios são exemplo disso.

Confira abaixo outras aplicações da nova marca. A campanha publicitária que dá apoio à nova marca foi criada pela Master Roma Waiteman.



novo correios




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Mais do mesmo: o novo logo Netflix

Um tema que anda correndo na boca dos designers e internautas é o novo logo da Netflix, notado por alguns na semana passada. Antes que você venha dizer que não há nada diferente, realmente o site da empresa e o serviço continuam com a mesma cara, eles ainda não mudaram e ninguém sabe se vão mudar. Então onde está o novo logo?

Para quem não sabe a Netflix é a empresa que afundou a gigante Blockbuster ao inovar e oferecer um catálogo de filmes e séries pela internet. Atualmente a Netflix conta com mais de 44 milhões de assinantes em mais de 40 países.

Netflix, um gigantesco e inovador catálogo online

A empresa que era uma reprodutora de conteúdo resolveu então ser uma criadora e lançou séries originais, obtendo um estrondoso sucesso em duas – “House Of Cards” e “Orange Is The New Black” – que chegam à segunda temporada este ano. Pois aí entra em cena o novo logo Netflix.

A Netflix foi bem estratégica e comercial ao inserir o novo logo somente no trailer de divulgação da nova temporada de “Orange Is The New Black”. Resumindo, para saber a aplicação da nova marca Netflix a única opção é ver o vídeo.



Algumas pessoas assistiram notaram a mudança, comentaram e repassaram adiante. O resultado? Mais de 7 milhões de views. Bem mais que muitos dos outros vídeos do seu canal no Youtube. Ponto para a Netflix? Ainda não.

Apesar da boa estratégia de divulgação do seu conteúdo o novo logo não me parece tão bom assim, ele perde características marcantes da empresa em prol do “Flat Design”. Cada vez mais vejo empresas que possuem marcas icônicas se desfazerem de uma identidade fortemente construída para se apoiarem na simplicidade e universalidade. Genérico e entediante na maioria das vezes.

novo logo netflix
O novo logo Netflix, identidade x universalidade (Imagem: BrandNew)

Começamos outra vez a velha discussão - limpar e simplificar elementos é bom, mas até que ponto? A justificativa quase sempre é o melhor uso em plataformas multimídia e a democratização da imagem, o que em alguns casos faz sentido e realmente melhora a percepção da marca, mas em outros é apenas uma mudança sem necessidade para tentar se adequar à essa nova era tecnológica.
A sombra e o contorno me faziam pensar em teatros antigos e aludiam à era de ouro do cinema. É estranho perder isso agora que a Netflix é um fenômeno. Independente disso eu não creio que eles vão perder seu valor de marca pois não mudaram tanto, apenas ficaram planos.” Comentário de um internauta.
O antigo logo Netflix era atemporal, instantaneamente reconhecível e de fácil uso, não necessitava mudanças. Tudo parece um erro. Torço para que este logo esteja presente somente em alguns casos especiais e o resto da identidade permaneça igual, afinal eles ainda mantiveram o vermelho.

O que é mais importante? Ter raízes ou estar de acordo com as normas estilísticas vigentes? Para mim marcas são como pessoas. Se renovar, se manter jovial e corrigir imperfeições faz bem, mas cuidado pois plásticas podem viciar, te descaracterizar e te transformar num monstro. A autenticidade vale mais que a aceitação social.

Eu gosto mesmo é da Coca-Cola.


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As crianças e as marcas

As crianças mesmo antes de aprender a ler e a escrever já podem reconhecer, entender e associar signos e marcas, seja através da repetição visual - como propagandas - ou através de uma experiência marcante. E são essas crianças que cada dia mais assumem um papel ativo na decisão de compra e podem ser as grandes responsáveis pela lealdade de um adulto à uma marca.

A relação das crianças com as marcas começa bem cedo. Aos 6 meses os bebês já podem formar imagens mentais de determinados signos e mascotes; aos 2 anos já reconhecem e emitem opiniões sobre certas marcas; aos 3 anos são capazes de pedir especificamente por certas marcas e influenciar na decisão de compra; aos 7 anos essas crianças estão totalmente no controle de seus desejos e decisões.

As crianças tem sim a habilidade de identificar e distinguir entre diferentes marcas e/ou produtos e escolher o que lhes agrada mais. Mesmo não sendo capazes de ler elas quase sempre sabem exatamente quais símbolos visuais (cores, traços, produtos, personagens...) correspondem a cada marca. Elas reconhecem imagens e até nomes, mas o mais importante é que elas são capazes de fazer julgamentos sobre certos produtos, personagens e pessoas associadas às marcas.

O fato que as crianças tem dinheiro – através de seus pais – e tem a aprovação para gastá-lo as encoraja para assumir escolhas e emitir opiniões, fazendo com que elas influenciem cada vez mais na decisão familiar. Os pais, estimulados pela sociedade atual, se preocupam com as preferências dos filhos e dão poder às crianças.

as crianças e as marcas
“Crianças menores de 3 anos sentem a pressão social e acreditam que consumir determinadas marcas pode ajudá-las ao longo da vida” Anna McAlister, pesquisadora da Universidade de Madison-Wiscosin e da Universidade de Michigan.

Os adultos usam a maioria das marcas para ajudar nas escolhas e localizar facilmente itens de qualidade e/ou de desejo próprio, já as crianças usam as marcas não tanto pela informação, e sim pela emoção, para se enquadrar em grupinhos sociais, para obter certos benefícios.

É realmente legal e eu tenho que ter. Se eu tenho todo mundo vem para a minha casa brincar. Se você não tem eles podem não gostar de você.” Depoimento infantil sobre a marca Lego (Fonte: McAlister e T. Bettina Cornwell, Universidade de Michigan)
Elas só reconhecem e dão valor à marcas que realmente estão presentes e fazem diferença na sua vida, geralmente por boas experiências. As marcas que mais se familiarizam com as crianças são, logicamente, de produtos e serviços infantis, como brinquedos, brinquedotecas e programas de tv. Mas além dessas algumas marcas de outros setores também se destacam, como o McDonald’s.

A interação vem da relação contínua e cotidiana da criança com a marca, o que muitas vezes ocorre pela televisão, mas a criação familiar que vai ditar esse processo. Há crianças que tem mais contato com a internet, enquanto outras ao ar livre... a criança com menos de 5 anos é um espelho dos pais e da escola, e a sua escolha de marca vai se refletir nisso. Ela identifica valores familiares e se associa positivamente com marcas que passem - ou que ela acredite que passem - esses mesmos valores.
O comportamento da criança com a marca vai depender muito da educação dos pais, da influência da escolar e dos amiguinhos.

O mercado deve estar atento aos desejos infantis pois, muitas das vezes, uma escolha adulta é influenciada pela nostalgia e preferencias desenvolvidas na infância do individuo. Ganhar a preferencia de uma criança pode implicar em um consumo leal e duradouro até a fase adulta.

Como nós adultos as crianças de hoje em dia também vivem em um constante universo de escolhas, onde há uma enorme concorrência de produtos, marcas e serviços que brigam pela sua atenção. Para se destacar você tem que adotar um estilo infantil, para falar a mesma língua que as crianças, e ao mesmo tempo ter seu comportamento aprovado pelos pais, decisores finais da compra.

É um desafio: agradar filhos e pais ao mesmo tempo. Quando você conquista esse patamar você pode estampar sua marca em uma gama maior de produtos que as crianças te aprovarão quase instantaneamente. Uma cenoura da Turma da Mônica vai ser mais saborosa para uma criança do que uma cenoura normal do supermercado.

Agradecimento especial ao Packaging Digest.



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A nova marca da TV Globo

São quase 50 anos de história dentro dos lares brasileiros, muitos destes em liderança absoluta de audiência e de mercado, e agora a TV Globo apresenta para os telespectadores a sua nova identidade visual. Entenda como a TV Globo estruturou sua transformação de marca e o que isso significa estrategicamente.

A TV Globo divide opiniões que vão desde a idolatria até redes conspirativas contra a emissora. Independente da sua postura é inegável o poder e a experiência de mercado dessa marca da televisão. A TV Globo criou tendências, alavancou novelas brasileiras, foi referencia em telejornalismo e lançou grandes atores. Mas o cenário atual é dramático - a marca sofre com a acirrada concorrência e divide o seu ibope com outras emissoras, tão boas ou melhores que ela.

A TV Globo, sempre vanguardista, viu seus concorrentes avançarem mais e abocanharem uma parcela jovem de telespectadores, com programas, vinhetas e uma comunicação mais sintonizada com o mercado e o consumidor atual. Então a empresa resolveu se reestruturar e investir em uma nova comunicação de marca, mais intimista, mais tecnológica e mais integrada com o mercado. E essa nova comunicação se reflete na nova identidade visual adotada.

Detalhe da nova marca da TV Globo
Detalhe do novo logo da TV Globo

ENTENDA A ESTRATÉGIA

A transformação gráfica e de identidade vem ocorrendo de forma lenta e gradual desde 2013, tudo com muita cautela e cuidado para não chocar o telespectador tão acostumado com a personalidade da emissora. As primeiras alterações visíveis vieram no logo de alguns quadros secundários – “Vale a pena ver de novo” e “Sessão da tarde” passaram a incorporar tendências mundiais do design e ficaram mais simples e objetivas.

Nova logo vale a pena ver de novo

Nova logo sessão da tarde
Cores vivas e chapadas, traços menos computadorizados e mais humanos, a tendência do “flat design” começa a influenciar a TV Globo

Toda essa transformação começou quando o publicitário Sérgio Valente deixou a DM9DDB e assumiu a direção da Central Globo de Comunicação (CGCom), em janeiro de 2013. Segundo o diretor geral da TV Globo, Carlos Henrique Schroder, Sergio Valente tem a missão de traçar toda a estratégia de relacionamento com o público, responde pelos contatos com a imprensa e planeja campanhas institucionais e de lançamento de programas. Em resumo, Valente veio para brigar trabalhar junto com o designer Hans Donner, esse que ultimamente tem sido mais uma peça de coleção nos registros do que um agente modificador dentro da empresa.

E pouco a pouco a TV Globo foi mudando e gerando muita especulação sobre como seria sua nova cara para 2014, até que o programa “Vem ai” apresentou a nova grade da emissora e exibiu a nova identidade gráfica, o novo logo da TV Globo. Esse logo começou a funcionar no domingo, dia 6, após a reportagem especial do “Fantástico”.

Vídeo explicativo sobre a evolução da identidade visual da TV Globo

Sergio Valente foi a aposta da emissora para criar uma comunicação mais efetiva com um público em transformação, especialmente com a era digital. Ele está sendo o responsável pela “deshansdonnerização” da marca TV Globo - pela simplificação e limpeza de elementos e efeitos gráficos acumulados na marca por vários anos. A Globo entendeu que hoje em dia uma marca deve estar preparada para multiplataformas de comunicação e deve funcionar bem em todos os contextos, por isso ela deve simplificar-se e ser mais mutável, dinâmica e interativa.

Evolução do logo TV Globo
A marca que nasceu do traço simples, passou à esfera e se encheu de efeitos para impressionar o publico ávido por tecnologia, agora retoma características gráficas antigas em favor da conectividade.


ANÁLISE DO REDESIGN

A TV Globo manteve o conceito da marca - “recortei uma tela de televisão e coloquei o mundo dentro”, Hans Donner – e até as formas e traços gerais da mesma. A grande mudança veio com as cores mais vivas e divididas e pela troca da capa metálica de efeitos pelo branco minimalista.

Dizem que o próprio Hans Donner assumiu que o logo antigo tinha muitos detalhes e efeitos e que agora era hora de simplificar e dar mais vida. Para mim o logo é resultado da divisão de egos entre Hans Donner e Sérgio Valente, e, por querer agradar ambos os lados termina sendo uma deformidade mutante com poucas condições de uso – um computador Mac antigo com brilho dentro.

O que a TV Globo realmente quer é uma identidade visual mais “utilizável”, que possa deixar de ser metálica para assumir qualquer forma, qualquer textura. Tenho a impressão que essa é uma fase de transição de gerenciamento que a marca TV Globo vem enfrentando e que esse novo logo será mais utilizado chapado e branco do que com todos esses detalhes.

Como já podemos notar em algumas aparições iniciais da identidade visual na programação ela é utilizada mais na maneira chapada do que o logo apresentado recentemente.

Vamos acompanhar os próximos passos da marca TV Globo e ver como essa nova estratégia de branding se estrutura na emissora. Pelo que já pude perceber as mudanças continuam, como o novo logo do programa “Caldeirão do Huck” e uma sugestiva e diferente maneira de apresentar o logo do “Fantástico”, que pouca gente percebeu.


Novo logo fantástico
 Outras possíveis novidades gráficas da TV Globo para esse ano

A conclusão do caso é que no fim é ponto positivo para a TV Globo, que percebeu as mudanças do mercado - mesmo que tardiamente – e está se virando para figurar novamente entre as tendências vanguardistas de televisão. Mesmo com uma identidade visual estranha e com um conceito fraco o primeiro passo foi dado para mudar gerações de filosofias arraigadas na historia da empresa e caminhar para um novo futuro, mais transparente, direto e interativo.

Tudo passa meu caro, até Hans Donner passa.


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Como sua marca pode usar o Snapchat

Se você é um empreendedor em dia com as novidades do mercado certamente conhece o aplicativo Snapchat. Por ser relativamente novo agora que as marcas começam a entendê-lo e a utilizá-lo para se promoverem, ou seja, a concorrência ainda é pequena e o engajamento com os usuários tem se mostrado muito positivo.

Como você sabe estamos sempre de olho nas últimas tendências e trazemos o máximo de informação para que você possa utilizar esse conhecimento à favor da sua marca. Hoje vamos dar dicas de como você pode estruturar sua marca na plataforma do Snapchat.


SOBRE O SNAPCHAT

O funcionamento do Snapchat é relativamente simples, você envia uma foto ou um vídeo e escolhe quantos segundos ele será exibido, depois disso ele se auto destrói. Consiste em uma troca de informações rápidas enviadas entre usuários. Nós já falamos sobre o Snapchat aqui no blog - no artigo Tendências de Mercado em 2014 - e sobre a sua potencia para atingir o público jovem e ávido por novidades.

Segundo a Nielsen em torno de 350 milhões de snaps são compartilhados todos os dias - esse número se equipara aos uploads do Facebook. O aplicativo é avaliado em torno de 3,6 bilhões de dólares – enquanto o Instagram foi comprado por 1 bilhão.

Como usar snapchat
Snapchat, um aplicativo novo e simples para sua marca se conectar com um público jovem


O PÚBLICO DO SNAPCHAT

O Snapchat fala para um público focado no presente, que se importa em documentar tudo, mas não necessariamente guardar recordações de tudo. A palavra de ordem é efemeridade, o agora e nada mais. O público do Snapchat possui entre 13 e 25 anos dos quais 70% usuários são do sexo feminino.


O SNAPCHAT NÃO É PARA TODOS

O Snapchat é um aplicativo extremamente pessoal e pouco institucional. São momentos íntimos e informações reservadas partilhados entre amigos. Já que as imagens quase nunca podem ser salvas os usuários se sentem mais confortáveis para expor mais particularidades. Amigos falando para amigos.

O aplicativo não é para todos os tipos de marca, somente as que quiserem se conectar com o perfil de usuário do Snapchat e puderem adaptar suas estratégias de marketing para esse modelo de comunicação. Geralmente empresas que vendem produtos se enquadram mais nessas características.


AS MARCAS E O SNAPCHAT

Algumas marcas se tornaram pioneiras em lançar campanhas de marketing e gerar engajamento através do Snapchat, entre elas a rede de fast food Taco Bell, que ficou conhecida pelos seus snaps divertidos.

[Quer receber um material exclusivo sobre o marketing da Taco Bell e outros cases famosos no Snapchat para você se inspirar? Esse conteúdo está disponível exclusivo para assinantes da newsletter, corre lá para assinar!]

Os tipos de ações mais comuns quase sempre envolvem a exclusividade que o aplicativo proporciona: mostrar em primeira mão novos produtos, trazer imagens íntimas e exclusivas (de bastidores, de desfiles), lançar campanhas e concursos únicos, fornecer códigos de desconto, entre outros. Além disso muitas marcas se beneficiam do humor e criam imagens e vídeos divertidos.

A ação/reação deve ser imediata e clara - são até 10 segundos de comunicação – prendendo a atenção do usuário, pois a chance é única. Frases como “Vá para a nossa loja e nos envie um snap!” ou “Nos mostre o seu produto favorito” são exemplos típicos de comunicações efetivas.

Marcas e o snapchat
Exemplos reais de como promocionar e usar o Snapchat

COMO USAR O SNAPCHAT

1. Seguir os usuários
Você pode enviar snaps diretamente para cada pessoa, podendo selecionar o tipo de usuário que receberá a publicação e você pode receber snaps de volta. Porém, como a comunicação é de via dupla você pode acabar perdendo o controle e recebendo inúmeros snaps desnecessários.

2. Snapchat Stories
Nessa opção você pode criar 100 segundos de vídeo e imagem e enviar, em um período de 24h, para toda a sua lista de seguidores. Você consegue criar uma rede de seguidores sem ter que seguir ninguém, porém, se torna uma comunicação de mão única, deixando algumas funcionalidades inacessíveis.

Nossa opinião: O Snapchat ainda é um aplicativo com poucas ferramentas e difícil de se administrar, mas sua capacidade de engajamento é enorme. Assim deixamos a dica para você, só use se a sua marca realmente tiver muito a ver com a plataforma, dá trabalho mas vale a pena!



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Como destacar sua marca na Copa do Mundo

O ano de 2014 representa para o mundo dos esportes uma única coisa: Copa do Mundo. Independente de você ser ou não à favor ela está aí, e em menos de 3 meses ela se torna realidade aqui no Brasil. E como isso afeta as marcas nacionais? Como elas devem se portar para conseguir um espaço nesse concorrido mercado?

A Copa do Mundo movimenta verbas extraordinárias - e duvidosas - que vão desde a infraestrutura até as campanhas publicitárias. "O Brasil espera receber 500 mil turistas estrangeiros e movimentar dezenas de milhões de brasileiros pelas cidades-sede, ao todo os investimentos previstos para Copa do Mundo de 2014 ultrapassam R$ 30 bilhões." (Fonte: Ministério do Turismo).

Nesse cenário as marcas brasileiras tem uma oportunidade única de competir em uma mesma arena que grandes marcas internacionais. O Brasil deve exportar uma imagem global de país moderno, desenvolvido, criativo. Essa imagem depende muito de uma boa atuação de nossas marcas nacionais, pois a identidade institucional criada para a Copa do Mundo 2014 já provou ser um imenso fracasso. Um logo mal estruturado, uma tipografia infantil e falha, um mascote que virou piada, tudo isso parece uma junção aleatória de elementos sem qualquer planejamento prévio.

Identidade visual da Copa 2014, uma junção aleatória de elementos sem qualquer planejamento

Apesar da péssima imagem do marketing e branding brasileiro boas marcas nacionais podem mudar esse paradigma. Sabe como? Confira abaixo algumas dicas.

1. Orgulho de ser brasileiro
A essência brasileira e o fervor do Mundial agora ditam as regras para o marketing global: energia, paixão e alegria são mais importantes que liderança, qualidade e confiabilidade. As marcas nacionais devem estimular o patriotismo do torcedor, criar campanhas motivacionais e tirar proveito do amplo conhecimento que tem de mercado e dos desejos dos consumidores. Ou seja, brasileiro falando para brasileiro gera uma vantagem inerente de mercado.

2. De olho nos Parceiros Fifa
Vale a pena prestar atenção e se inspirar nas ações de 6 grandes marcas mundiais - Adidas, Coca-Cola, Hyndai/Kia, Emirates, Sony e Visa – que pagaram em torno de R$ 230 milhões para a Fifa por um pacote de parceria válido por 4 anos. Essas são as Parceiras da Fifa e vão trazer muita criatividade e branding de qualidade pois estarão presentes em todos os detalhes da Copa. Estipula-se que as Parceiras da Fifa terão acesso à mais de 50% da população mundial. Serão, pelo menos, 4 bilhões de pessoas vendo o evento pela televisão, sem contar todos os outros canais digitais.


3. Entre na festa!
As marcas devem envolver, melhorar a experiência do consumidor e se inserir na festa com uma ativação local e espontânea. As mídias sociais (facebook, instagram, twitter, snapchat, youtube...) são os locais ideais para os brasileiros e estrangeiros poderem compartilhar suas próprias experiências e interagirem uns com os outros.

A grande jogada está em transladar o branding para as mídias sociais e plataformas mobile, para que as marcas estejam mais próximas e presentes a todo o tempo com seu público. Ou seja, se trata de sair dos escritórios e ir para as ruas, gritar, torcer, festejar e facilitar a vida do público aqui presente.


4. Agregue valor
Por fim as marcas devem encontrar um caminho para se inserir no meio da experiência entre o torcedor e o esporte sem serem invasivas. Elas devem conectar esses elos e agregar valor, assim elas podem continuar sua associação a largo prazo, conquistando consumidores não apenas no fervor do Mundial, mas além disso, até que venha a Copa do Mundo de 2018.


Esperamos que a criatividade e a estratégia nacional consigam surpreender o mercado, afinal nós somos brasileiros! O espetáculo de 2014 já está garantido para o público e os consumidores, resta saber se ele vai ter um gostinho de vitória do Brasil.

Não perca! Vamos enviar um material imperdível exemplificando algumas ações de marketing e publicidade das marcas Parceiras da Fifa em 2014 para você se inspirar! Basta se inscrever na nossa newsletter abaixo, pois o material é exclusivo para assinantes.

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A evolução das marcas

Confira um resumo da evolução do conceito e do papel das marcas na história. Agora você pode entender como as empresas e os consumidores percebem e interagem com as marcas ao passar do tempo e assim poder se posicionar melhor no mercado.


Evolução das marcas

1. PRODUTO ÚNICO
No início, devido à falta de concorrência de mercado, as empresas não tinham logo e seus nomes eram associados apenas aos produtos que vendiam, pois eram líderes quase absolutas em seus mercados.

2. DIFERENCIAÇÃO
Começa a era industrial, onde a produção se tornou massiva e os consumidores começaram a poder optar por um ou outro produto. Isso obrigou as empresas a se diferenciarem umas das outras. Essa diferenciação era atingida, primariamente, pelos atributos físicos do produto - tal como a forma da embalagem, a cor, ou até mesmo o tamanho do produto – e pelo nome e identidade gráfica que carregavam. Com isso surgiram os primeiros sinais de construção visual com propósito comercial, nasceram os logos e a identidade visual voltados para o consumidor.

3. CONVENCIMENTO
No fim do século XIX e início do século XX, com o aumento da competitividade, se diferenciar não era o suficiente, a empresa tinha também que criar ferramentas para convencer o consumidor a compra-la, então se difunde a publicidade. Os produtos que antes continham uma  “cara” agora passam a se expressar através de uma identidade básica, composta de slogans e anúncios.

4. ICÔNICA
Algumas empresas criaram uma personalidade tão forte que se sobressaíram e se tornaram ícones de mercado, penetrando de maneira profunda na mentalidade do consumidor. A explosão da televisão e das telecomunicações nos anos 50  contribuíram para a difusão massiva dessas empresas. Se difunde o conceito de marcas, como personalidade percebida externamente, e de estratégias de mercado. Os consumidores sentiam como se possuíssem a marca, e a usavam para se expressar e ajudar construir sua própria identidade. Assim a marca afirma definitivamente seu valor comercial e assume seu papel diferenciador.

5. DIÁLOGO
O mercado começa a mudar nos anos 70 e 80, surge a internet e toda a interação de mercado aumenta, tonando o tempo fator determinante. Produtos e serviços vêm e vão e para fixar uma marca é necessário não apenas fornecer um bom produto, mas criar uma boa experiência. As empresas mudam a sua relação com o consumidor e os websites são os novos instrumentos para as estratégias de comunicação. A marca já não impõe a sua personalidade como antes, o monólogo abre espaço para o diálogo com o consumidor, construído por meio de experiências. O ciberespaço é livre e aleatório, onde o consumidor é o ator e toma a iniciativa.

6. ENGAJAMENTO
Com a solidificação da era digital nos anos 90 as marcas necessitam ser cada vez mais transparentes e claras com o seu consumidor, e terem papel ativo na sociedade. As grandes empresas começam a praticar o branding e outros setores não comerciais – tais como universidades, museus, hospitais - entram na onda também. Nascem as campanhas éticas e políticas, onde as marcas tomam partido em questões ambientais e sociais e querem fazer um mundo melhor. E o conceito de marca já não se restringe apenas ao comercial.

7. PERSONIFICAÇÃO
Nos anos 2000 surgem as redes sociais e revolucionam de vez o mercado. As marcas se tornam tão próximas e de fácil acesso que se personificam, ou seja, elas saem do posto de dogmas para se tornarem humanas, muito mais íntimas do seu consumidor. A marca já não está no patamar acima ditando ordens, mas sim no mesmo patamar, onde o consumidor se torna altamente ativo e participa na construção da identidade da mesma. O branding já é muito difundido e amplamente praticado. Posicionar uma marca agora se trata de interagir com o consumidor e saber como os sentimentos dele são relacionados com o seu serviço, ou seja, gerar conexões emocionais e genuínas.

8. CO-CRIAÇÃO
Atualmente estamos em um mercado ditado pela hipervelocidade, a todo momento surgem mídias e os consumidores se tornam ávidos por conteúdo, despejado diariamente em seus smartphones. A linha entre criadores e produtores já não mais existe, o conteúdo pode ser produzido por qualquer um em qualquer lugar. A co-criação, ou seja, a criação conjunta, define esse novo patamar de mercado. O consumidor compartilha informações e troca experiências, se tornando fator ativo nas marcas e assume o principal papel nesse ciclo. Agora uma marca é responsabilidade conjunta, gestores, funcionários, parceiros e consumidores.

Eu produzi esse artigo baseado em conhecimentos e experiências próprias, mas duas referências foram muito importantes para isso:
- Goodyear, Mary (1996), “Divided by a common language: diversity and deception in the world of global marketing,” Journal of the Market Research Society.
- Costa, Juan (2014), “Nascimento e evolução da marca em 7 passos” FOROALFA.


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Cadillac - Um anúncio e muita controvérsia

Mês passado a Cadillac, empresa de automóveis de luxo, lançou um comercial sobre o suposto "Sonho Americano" e gerou muita controvérsia com os valores defendidos. A marca resolveu enaltecer um mercado alvo em detrimento de outros e se posicionou claramente sobre os seus valores e suas convicções, sem meias palavras. Isso é um bom branding?


Comercial Cadillac, Poolside (com legendas em inglês) - se não abre veja aqui!

O que você achou? Antes de analisar e nos posicionar à respeito vamos tentar entender mais sobre a marca Cadillac para nos despirmos de pré julgamentos.

A HISTÓRIA
Cadillac Automobile Company é uma marca de automóveis americana que nasceu em 1902, em Detroit. Em 1909 foi comprada pela General Motors e fabricou a primeira limusine do mundo. Nos anos 20 a marca virou queridinha dos artistas de Hollywood e não demorou para que os magnatas, chefes de estado e mafiosos - Al Capone é um ótimo exemplo - aderissem à marca também, como sinal de status e nobreza. Nos anos 50 a marca criou o famoso "rabo-de-peixe", fator que influenciou toda a produção automobilística dos carros americanos da época. Em resumo, é uma marca com um histórico de boas inovações de mercado e com orgulho de ter influenciado na cultura e nos desejos capitalistas dos americanos.

OS VALORES
Durante anos de trajetória, a marca conseguiu criar uma imagem de qualidade (uso de excelentes tecnologias), luxo (fabricaram a primeira limusine do mundo) e design (pioneiros em inserir um designer para projetar ao invés de apenas engenheiros). 
Seu lema: "The Standard of the World" (O padrão do mundo)

O PÚBLICO
Pessoas com alto poder aquisitivo - empresários, chefes de estado, astros do cinema e esporte.


O anúncio vende uma idéia e não um produto, fixa conceitos da marca criando um resumo da imagem e história da empresa. É como se a marca Cadillac se personificasse perfeitamente na pele do ator Neal McDonough e falasse aos seus consumidores. E a mensagem é: trabalhe duro, seja persistente e adquira o tão sonhado status e prestígio social através de um Cadillac. Um exemplo de branding claro, objetivo e bem posicionado com os valores da marca. Ponto pra Cadillac? Ainda não.
Outros países, eles trabalham. Eles caminham pela casa. Eles param para um café. Eles tiram agosto todo de férias. Por que não somos assim? Por que não somos como eles? Porque nós somos loucos, porque acreditamos no trabalho duro, esse é o porque." Comercial Cadillac
O problema é que os valores de "American Way of Life" defendidos dizem respeito à uma filosofia do capitalismo já ultrapassada, velha e paralisada lá nos anos 90. Esses valores não movem mais o mercado como antes e muitos americanos já não querem ser representados por eles. Trabalhar duro, ser persistente e conquistar objetivos é uma ótima filosofia, mas defender um comportamento que inferioriza outras culturas e outros países é reforçar ainda mais uma cultura egocentrista que a maioria dos americanos tenta apagar.
Existem milhares de coisas para se celebrar por ser Americano, mas ser possuído por uma mania cega de se afundar em trabalho, comprar mais coisas e tirar sarro das pessoas dos outros países não é uma delas." The Huffington Post, jornal online americano
Provavelmente 10% dos americanos se sentiram representados nesse comercial - e esse é justamente o público da empresa - mas a grande massa não vive isso e não quer ser vista dessa maneira pelo mundo. O diretor do comercial Craig Bierley explica que a intenção da Cadillac é ser uma "marca provocativa", feita para pessoas que adquiriam o sucesso através de trabalho duro e querem se recompensar através de um carro luxuoso. Em resumo, a marca quis criar uma polêmica ética para chamar a atenção e obter mais publicidade, assim como o caso da Louis Vuitton na Rússia, detestável.

O ator Neal McDonough, muito trabalho, discriminação e ganância para se autopresentear com um Cadillac.

As marcas hoje devem ter um papel educativo e saber que são responsáveis por inspirar muito mais gente do que antes - devido ao caráter global que nos encontramos - e que o devem fazer de uma maneira positiva. Enquanto grandes marcas e grandes líderes se tornam transparentes e abraçam a diversidade de culturas a Cadillac se fecha no seu público, defende e pior, alimenta a ganância e a discriminação para com os demais estilos de vida.

Será que os "Lobos de Wall Street" se aposentaram? A Cadillac torce para que isso nunca aconteça.

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"do bem" - uma marca de sucos diferente

Conheça os sucos "do bem" - uma marca genuinamente carioca  com uma identidade forte e original que conseguiu se estabelecer com um valor de mercado bem acima das concorrentes e se expandir pelo Brasil em pouco tempo. Um exemplo de criação e gestão de uma marca efetiva.

A marca de sucos "do bem" está conquistando cada vez mais o mercado. Com um excelente posicionamento - fazer sucos saudáveis e que ofereçam uma experiência empática ao consumidor - a empresa dá uma lição de empreendedorismo, branding e marketing e se consagra no cenário nacional, competindo com preços em média 6 reais mais caros que os concorrentes.

Eu conheci a marca quando fui ao Rio de Janeiro no início do ano e foi amor à primeira vista. Estava andando sem compromisso por um pequeno mercado em Ipanema quando me deparei com as embalagens super criativas, que se destacavam facilmente de todos os concorrentes, peguei uma e parei para lê-la, era tanta simplicidade e transparência de comunicação que senti que tinha feito um novo amigo. Comprei na hora sem pensar em preço, só pela curiosidade de provar e ver se o produto realmente era bom. Não me decepcionei, a qualidade é excelente.

A jornada da marca teve início em 2006, quando um grupo de jovens resolveu produzir sucos mais saudáveis, sem qualquer aditivo químico, com frutas cuidadosamente selecionadas. A ideia era trazer as casas de suco, tão famosas no Rio de Janeiro, para dentro de uma caixinha e transladar essa experiência para dentro da casa do consumidor. A marca foi inserida no mercado em 2007 e passou a competir nas prateleiras dos supermercados com grandes nomes internacionais.


Ao ver o que era feito de mais legal e encontrar a tecnologia certa, ele teve certeza que podia fazer melhor, juntando exatamente o que tinha imaginado: "Uma casa de sucos dentro de embalagens legais". Nossa história, site da marca.

A mídia espontânea gerou uma visibilidade inicial para a marca, pois os produtos eram completamente diferentes do que havia no mercado e a empresa atestava sua produção saudável. Todos queriam provar essa nova marca e ver se ela fazia jus às expectativas criadas. Testes cegos e amostras do produto foram outras estratégias desenvolvidas para prospectar novos consumidores e mostrar que a marca tinha qualidade suficiente para competir com nomes internacionais. Hoje em dia a marca está presente em mais de 3.000 pontos de venda em vários estados brasileiros.

A "do bem" se configurou como produto premium entre os sucos, com uma alta qualidade, mas sua melhor sacada foi falar de "igual para igual" com seu consumidor. Seus donos sabiam que, para um produto tão seletivo e bem feito, uma marca igualmente excelente deveria ser criada, capaz de dar suporte ao produto e explicar os diferenciais do mesmo.

O posicionamento foi estabelecido e mantido desde o princípio e a marca se desenvolveu paralelamente a ele. Desde a escolha do nome "do bem"(em minúsculas mesmo, para manter a informalidade), passando pela a criação gráfica da asa que assina a identidade visual, até o detalhamento das embalagens, tudo foi uma criação uníssona.

"do bem"- posicionamento, identidade visual e gestão de marca, tudo feito ao mesmo tempo e através de uma comunicação uníssona.

O design é limpo, empático e divertido, assim como o jeito carioca. Em toda a comunicação se nota a ausência de fotos ilustrativas de frutas e afins, substituídas por simpáticos desenhos, que personificam o produto e o colocam mais próximo ao público (não são "apenas frutas" são as "frutas do bem"). As cores fortes e alegres remetem ao entorno brasileiro.

Design limpo, empático e divertido, cheio de storytelling para os consumidores.

storytelling é característica forte e presente, a história da marca e de cada produto é contada para que a transparência seja mantida. A marca também faz questão de enfatizar sua nacionalidade totalmente brasileira e mantém a comunicação íntima e gentil, como se falasse individualmente para cada consumidor. A informalidade está presente como ponto de contato e atração do público, jovens consumidores que se preocupam com a sua saúde.

A "do bem" é um claro exemplo do que eu chamo de marca efetiva: EVIDENTE - com um discurso claro em todos os pontos de contato, CONVINCENTE - que convence e inspira seu público, e VERDADEIRA - que cumpre com as expectativas criadas. Através de um discurso efetivo ela incrementou sua capacidade competitiva e conseguiu se diferenciar dos concorrentes.

Uma marca evidente, convincente e verdadeira. Ponto pro Branding da "do bem"!

Esse exemplo de mercado deixa claro que uma boa marca deve ser pensada em todos os pontos de contato e com uniformidade de discurso. Um produto excelente sem uma boa comunicação não vinga, da mesma maneira que uma boa comunicação que não reflete o produto também não cria uma marca efetiva. Busque gerenciar sua marca como um todo e encare a identidade visual como uma comunicação verdadeira com seu consumidor, não apenas o layout bonito que sai barato. Busque a ajuda de um consultor de imagem ou de uma agencia de branding e saiba justificar suas escolhas gráficas através das atitudes da sua empresa.

Gostou do case e quer ver mais detalhes sobre a "do bem"? Confira o artigo publicado pela revista Exame e a trajetória completa da marca no nosso blog amigo Mundo das Marcas. Para conferir a análise nutricional dos sucos, veja aqui.


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A marca participativa da cidade de Bologna

Com uma criação muito interessante de marca participativa a cidade italiana de Bologna (Bolonha) conseguiu chamar a atenção e fazer com que qualquer um possa se sentir parte de sua história. É o design de identidade visual levado a um outro nível, um exemplo de criatividade e criação conjunta de uma marca.

Bologna é uma cidade italiana jovem e cosmopolita, devido ao seu caráter universitário. A cidade possui cerca de 390 mil habitantes e é a sétima maior da Itália em termos de população. Uma cidade como as outras, com qualidades e defeitos, mas que surpreendeu com sua nova identidade visual, que esbanja qualidade e criatividade.


Um concurso (não vou entrar em detalhes) para criar a nova identidade visual de Bologna foi divulgado no ano passado, organizado Urban Center Bologna e endossado pela entidade oficial da cidade. Com um prêmio de 14 mil euros o concurso recebeu mais de 500 propostas, e em novembro de 2013 foi divulgada a identidade ganhadora - os criadores foram uma dupla da cidade de Trieste, Matteo Bartoli e Michele Pastore. Se você quiser veja todas as outras propostas aqui.
O problema, em estudar uma possível identidade visual para a cidade, é paradoxal: primeiro, inserir e trazer à tona na "marca" as múltiplas facetas e percepções infinitas da cidade que constitui o que é Bologna - e de outro lado, prover um sistema com suficiente força e coerência visual para ser percebido como tal, e ser uma ferramenta efetiva de conexão e melhoria tangível de todas essas qualidades." Matteo Bartoli, designer da proposta vencedora
A identidade visual foi implementada e divulgada no início desse ano, e desde ao primeiro olhar, apaixonou e engajou muita gente. O sistema é de complexa projeção, mas de fácil entendimento. Cada letra do alfabeto foi substituída por um signo gráfico e todos esses símbolos foram criados a partir de referências da cidade - mosaicos característicos, vitrais, paredes, o brasão da cidade, entre outros. Em resumo, você pode escrever o que quiser e a cada letra vai se sobrepondo à outra e criando um novo símbolo. Além disso você pode modificar a paleta de cores, as combinações são as mais variadas! Para quem não entendeu veja o vídeo abaixo e depois entre aqui para testar.

Vídeo explicativo de toda a complexidade da identidade visual

Explicação da construção e origens do alfabeto

O visual se torna uma tradução da narrativa e constrói um sistema gráfico em que todos os usuários podem contribuir para a marca. Os significados se multiplicam e as referências visuais também, ao substituir o alfabeto latino por sinais e signos característicos da cidade, e permitir que cada pessoa escreva e veja a marca à sua maneira. As sobreposições funcionam super bem e as transparências são impecáveis, independente da combinação.
Alguns exemplos de aplicativos, a diversidade de usos é gritante

A idéia e execução são ótimas mas o case não é inédito, pesquisando por aí descobri que Lisboa já tinha usado semelhante artefato para criar uma tipografia própria exclusiva, a LX Type. E a história é bem embasada, tem tudo a ver com os valores da cidade. Além disso eles relacionam cada letra com um monumento histórico, você se diverte e acaba conhecendo mais sobre a cidade, isso me pareceu fantástico e super promocional. Entra lá no site da LX Type e confere os detalhes.

É uma identidade visual criativa, mas para mim ela fica apenas nesse âmbito, não conseguindo representar com profundidade a cultura e os valores da cidade, já que no fim são gráficos sobrepostos que podem significar n coisas, inclusive aspectos que não tenham nada a ver com a cidade. Mas de qualquer maneira é uma marca diferenciada, que enche os olhos e engaja. Ela não se encaixaria em diversos mercados ou empresas, mas, para uma cidade que pode significar tanta coisa para tanta gente, cai bem apesar de tudo. Até agora é uma idéia criativa que gerou bom viral, resta inserir profundidade através de uma boa gestão de uso.


Alguns minutos no site e diversas palavras, muito divertido e interativo... mas será que tem profundidade suficiente para representar a cultura e os valores da cidade? Afinal, Bologna pode ser tudo e nada ao mesmo tempo.

Fica a ótima referência para você leitor, espero que tenha gostado! Se divertiu escrevendo nomes lá no site? Mostra aqui no blog! E se conhece mais algum caso de identidade visual nesse estilo participativo manda de sugestão que pode ser publicado.


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