Mais do mesmo: o novo logo Netflix

Um tema que anda correndo na boca dos designers e internautas é o novo logo da Netflix, notado por alguns na semana passada. Antes que você venha dizer que não há nada diferente, realmente o site da empresa e o serviço continuam com a mesma cara, eles ainda não mudaram e ninguém sabe se vão mudar. Então onde está o novo logo?

Para quem não sabe a Netflix é a empresa que afundou a gigante Blockbuster ao inovar e oferecer um catálogo de filmes e séries pela internet. Atualmente a Netflix conta com mais de 44 milhões de assinantes em mais de 40 países.

Netflix, um gigantesco e inovador catálogo online

A empresa que era uma reprodutora de conteúdo resolveu então ser uma criadora e lançou séries originais, obtendo um estrondoso sucesso em duas – “House Of Cards” e “Orange Is The New Black” – que chegam à segunda temporada este ano. Pois aí entra em cena o novo logo Netflix.

A Netflix foi bem estratégica e comercial ao inserir o novo logo somente no trailer de divulgação da nova temporada de “Orange Is The New Black”. Resumindo, para saber a aplicação da nova marca Netflix a única opção é ver o vídeo.



Algumas pessoas assistiram notaram a mudança, comentaram e repassaram adiante. O resultado? Mais de 7 milhões de views. Bem mais que muitos dos outros vídeos do seu canal no Youtube. Ponto para a Netflix? Ainda não.

Apesar da boa estratégia de divulgação do seu conteúdo o novo logo não me parece tão bom assim, ele perde características marcantes da empresa em prol do “Flat Design”. Cada vez mais vejo empresas que possuem marcas icônicas se desfazerem de uma identidade fortemente construída para se apoiarem na simplicidade e universalidade. Genérico e entediante na maioria das vezes.

novo logo netflix
O novo logo Netflix, identidade x universalidade (Imagem: BrandNew)

Começamos outra vez a velha discussão - limpar e simplificar elementos é bom, mas até que ponto? A justificativa quase sempre é o melhor uso em plataformas multimídia e a democratização da imagem, o que em alguns casos faz sentido e realmente melhora a percepção da marca, mas em outros é apenas uma mudança sem necessidade para tentar se adequar à essa nova era tecnológica.
A sombra e o contorno me faziam pensar em teatros antigos e aludiam à era de ouro do cinema. É estranho perder isso agora que a Netflix é um fenômeno. Independente disso eu não creio que eles vão perder seu valor de marca pois não mudaram tanto, apenas ficaram planos.” Comentário de um internauta.
O antigo logo Netflix era atemporal, instantaneamente reconhecível e de fácil uso, não necessitava mudanças. Tudo parece um erro. Torço para que este logo esteja presente somente em alguns casos especiais e o resto da identidade permaneça igual, afinal eles ainda mantiveram o vermelho.

O que é mais importante? Ter raízes ou estar de acordo com as normas estilísticas vigentes? Para mim marcas são como pessoas. Se renovar, se manter jovial e corrigir imperfeições faz bem, mas cuidado pois plásticas podem viciar, te descaracterizar e te transformar num monstro. A autenticidade vale mais que a aceitação social.

Eu gosto mesmo é da Coca-Cola.


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As crianças e as marcas

As crianças mesmo antes de aprender a ler e a escrever já podem reconhecer, entender e associar signos e marcas, seja através da repetição visual - como propagandas - ou através de uma experiência marcante. E são essas crianças que cada dia mais assumem um papel ativo na decisão de compra e podem ser as grandes responsáveis pela lealdade de um adulto à uma marca.

A relação das crianças com as marcas começa bem cedo. Aos 6 meses os bebês já podem formar imagens mentais de determinados signos e mascotes; aos 2 anos já reconhecem e emitem opiniões sobre certas marcas; aos 3 anos são capazes de pedir especificamente por certas marcas e influenciar na decisão de compra; aos 7 anos essas crianças estão totalmente no controle de seus desejos e decisões.

As crianças tem sim a habilidade de identificar e distinguir entre diferentes marcas e/ou produtos e escolher o que lhes agrada mais. Mesmo não sendo capazes de ler elas quase sempre sabem exatamente quais símbolos visuais (cores, traços, produtos, personagens...) correspondem a cada marca. Elas reconhecem imagens e até nomes, mas o mais importante é que elas são capazes de fazer julgamentos sobre certos produtos, personagens e pessoas associadas às marcas.

O fato que as crianças tem dinheiro – através de seus pais – e tem a aprovação para gastá-lo as encoraja para assumir escolhas e emitir opiniões, fazendo com que elas influenciem cada vez mais na decisão familiar. Os pais, estimulados pela sociedade atual, se preocupam com as preferências dos filhos e dão poder às crianças.

as crianças e as marcas
“Crianças menores de 3 anos sentem a pressão social e acreditam que consumir determinadas marcas pode ajudá-las ao longo da vida” Anna McAlister, pesquisadora da Universidade de Madison-Wiscosin e da Universidade de Michigan.

Os adultos usam a maioria das marcas para ajudar nas escolhas e localizar facilmente itens de qualidade e/ou de desejo próprio, já as crianças usam as marcas não tanto pela informação, e sim pela emoção, para se enquadrar em grupinhos sociais, para obter certos benefícios.

É realmente legal e eu tenho que ter. Se eu tenho todo mundo vem para a minha casa brincar. Se você não tem eles podem não gostar de você.” Depoimento infantil sobre a marca Lego (Fonte: McAlister e T. Bettina Cornwell, Universidade de Michigan)
Elas só reconhecem e dão valor à marcas que realmente estão presentes e fazem diferença na sua vida, geralmente por boas experiências. As marcas que mais se familiarizam com as crianças são, logicamente, de produtos e serviços infantis, como brinquedos, brinquedotecas e programas de tv. Mas além dessas algumas marcas de outros setores também se destacam, como o McDonald’s.

A interação vem da relação contínua e cotidiana da criança com a marca, o que muitas vezes ocorre pela televisão, mas a criação familiar que vai ditar esse processo. Há crianças que tem mais contato com a internet, enquanto outras ao ar livre... a criança com menos de 5 anos é um espelho dos pais e da escola, e a sua escolha de marca vai se refletir nisso. Ela identifica valores familiares e se associa positivamente com marcas que passem - ou que ela acredite que passem - esses mesmos valores.
O comportamento da criança com a marca vai depender muito da educação dos pais, da influência da escolar e dos amiguinhos.

O mercado deve estar atento aos desejos infantis pois, muitas das vezes, uma escolha adulta é influenciada pela nostalgia e preferencias desenvolvidas na infância do individuo. Ganhar a preferencia de uma criança pode implicar em um consumo leal e duradouro até a fase adulta.

Como nós adultos as crianças de hoje em dia também vivem em um constante universo de escolhas, onde há uma enorme concorrência de produtos, marcas e serviços que brigam pela sua atenção. Para se destacar você tem que adotar um estilo infantil, para falar a mesma língua que as crianças, e ao mesmo tempo ter seu comportamento aprovado pelos pais, decisores finais da compra.

É um desafio: agradar filhos e pais ao mesmo tempo. Quando você conquista esse patamar você pode estampar sua marca em uma gama maior de produtos que as crianças te aprovarão quase instantaneamente. Uma cenoura da Turma da Mônica vai ser mais saborosa para uma criança do que uma cenoura normal do supermercado.

Agradecimento especial ao Packaging Digest.



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A nova marca da TV Globo

São quase 50 anos de história dentro dos lares brasileiros, muitos destes em liderança absoluta de audiência e de mercado, e agora a TV Globo apresenta para os telespectadores a sua nova identidade visual. Entenda como a TV Globo estruturou sua transformação de marca e o que isso significa estrategicamente.

A TV Globo divide opiniões que vão desde a idolatria até redes conspirativas contra a emissora. Independente da sua postura é inegável o poder e a experiência de mercado dessa marca da televisão. A TV Globo criou tendências, alavancou novelas brasileiras, foi referencia em telejornalismo e lançou grandes atores. Mas o cenário atual é dramático - a marca sofre com a acirrada concorrência e divide o seu ibope com outras emissoras, tão boas ou melhores que ela.

A TV Globo, sempre vanguardista, viu seus concorrentes avançarem mais e abocanharem uma parcela jovem de telespectadores, com programas, vinhetas e uma comunicação mais sintonizada com o mercado e o consumidor atual. Então a empresa resolveu se reestruturar e investir em uma nova comunicação de marca, mais intimista, mais tecnológica e mais integrada com o mercado. E essa nova comunicação se reflete na nova identidade visual adotada.

Detalhe da nova marca da TV Globo
Detalhe do novo logo da TV Globo

ENTENDA A ESTRATÉGIA

A transformação gráfica e de identidade vem ocorrendo de forma lenta e gradual desde 2013, tudo com muita cautela e cuidado para não chocar o telespectador tão acostumado com a personalidade da emissora. As primeiras alterações visíveis vieram no logo de alguns quadros secundários – “Vale a pena ver de novo” e “Sessão da tarde” passaram a incorporar tendências mundiais do design e ficaram mais simples e objetivas.

Nova logo vale a pena ver de novo

Nova logo sessão da tarde
Cores vivas e chapadas, traços menos computadorizados e mais humanos, a tendência do “flat design” começa a influenciar a TV Globo

Toda essa transformação começou quando o publicitário Sérgio Valente deixou a DM9DDB e assumiu a direção da Central Globo de Comunicação (CGCom), em janeiro de 2013. Segundo o diretor geral da TV Globo, Carlos Henrique Schroder, Sergio Valente tem a missão de traçar toda a estratégia de relacionamento com o público, responde pelos contatos com a imprensa e planeja campanhas institucionais e de lançamento de programas. Em resumo, Valente veio para brigar trabalhar junto com o designer Hans Donner, esse que ultimamente tem sido mais uma peça de coleção nos registros do que um agente modificador dentro da empresa.

E pouco a pouco a TV Globo foi mudando e gerando muita especulação sobre como seria sua nova cara para 2014, até que o programa “Vem ai” apresentou a nova grade da emissora e exibiu a nova identidade gráfica, o novo logo da TV Globo. Esse logo começou a funcionar no domingo, dia 6, após a reportagem especial do “Fantástico”.

Vídeo explicativo sobre a evolução da identidade visual da TV Globo

Sergio Valente foi a aposta da emissora para criar uma comunicação mais efetiva com um público em transformação, especialmente com a era digital. Ele está sendo o responsável pela “deshansdonnerização” da marca TV Globo - pela simplificação e limpeza de elementos e efeitos gráficos acumulados na marca por vários anos. A Globo entendeu que hoje em dia uma marca deve estar preparada para multiplataformas de comunicação e deve funcionar bem em todos os contextos, por isso ela deve simplificar-se e ser mais mutável, dinâmica e interativa.

Evolução do logo TV Globo
A marca que nasceu do traço simples, passou à esfera e se encheu de efeitos para impressionar o publico ávido por tecnologia, agora retoma características gráficas antigas em favor da conectividade.


ANÁLISE DO REDESIGN

A TV Globo manteve o conceito da marca - “recortei uma tela de televisão e coloquei o mundo dentro”, Hans Donner – e até as formas e traços gerais da mesma. A grande mudança veio com as cores mais vivas e divididas e pela troca da capa metálica de efeitos pelo branco minimalista.

Dizem que o próprio Hans Donner assumiu que o logo antigo tinha muitos detalhes e efeitos e que agora era hora de simplificar e dar mais vida. Para mim o logo é resultado da divisão de egos entre Hans Donner e Sérgio Valente, e, por querer agradar ambos os lados termina sendo uma deformidade mutante com poucas condições de uso – um computador Mac antigo com brilho dentro.

O que a TV Globo realmente quer é uma identidade visual mais “utilizável”, que possa deixar de ser metálica para assumir qualquer forma, qualquer textura. Tenho a impressão que essa é uma fase de transição de gerenciamento que a marca TV Globo vem enfrentando e que esse novo logo será mais utilizado chapado e branco do que com todos esses detalhes.

Como já podemos notar em algumas aparições iniciais da identidade visual na programação ela é utilizada mais na maneira chapada do que o logo apresentado recentemente.

Vamos acompanhar os próximos passos da marca TV Globo e ver como essa nova estratégia de branding se estrutura na emissora. Pelo que já pude perceber as mudanças continuam, como o novo logo do programa “Caldeirão do Huck” e uma sugestiva e diferente maneira de apresentar o logo do “Fantástico”, que pouca gente percebeu.


Novo logo fantástico
 Outras possíveis novidades gráficas da TV Globo para esse ano

A conclusão do caso é que no fim é ponto positivo para a TV Globo, que percebeu as mudanças do mercado - mesmo que tardiamente – e está se virando para figurar novamente entre as tendências vanguardistas de televisão. Mesmo com uma identidade visual estranha e com um conceito fraco o primeiro passo foi dado para mudar gerações de filosofias arraigadas na historia da empresa e caminhar para um novo futuro, mais transparente, direto e interativo.

Tudo passa meu caro, até Hans Donner passa.


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