Segunda-feira, 16 de dezembro, a montadora de veículos Nissan anuncia publicamente que não vai mais patrocinar o clube de futebol Vasco da Gama. Essa decisão acarretou no rompimento unilateral de quatro anos de contrato com um repasse de R$ 7 milhões anuais ao time.
Comunicado oficial da Nissan
Muitas outras marcas já deixaram o futebol nacional por motivos plausíveis, mas nenhuma foi tão objetiva. A Nissan foi clara e não fez rodeios, e, ao tomar essa atitude, deu o alerta não apenas ao Vasco, mas a todos os outros dirigentes de clubes brasileiros. O clube diz que vai brigar na justiça contra a decisão, mas a Nissan garante que não volta atrás. Não quer associar a imagem da sua marca com atos de violência.
É claro que a montadora sabe que os responsáveis pela violência são minoria e que não representam o clube em si, mas a repercussão mundial do caso foi o catalisador da decisão. No meu ver essa atitude deve servir como exemplo e alerta para que outras empresas comecem a cobrar mais de seus dirigentes. Se os dirigentes de clubes são indecisos e dúbios os grandes empresários mostram que eles não são.
Repercussão internacional
Estamos cansados de ver problemas públicos envolvendo torcidas organizadas, que se multiplicam como um câncer moderno no futebol, ocorrendo sem distinção de clube. Há seis meses da Copa o mercado percebe que não é terreno seguro para uma marca associar sua imagem ao futebol nacional. Então o foco muda para outros esportes, afinal os jogos Olímpicos vem aí.
Jogos Olímpicos: um retorno mais seguro para a marca
A Caixa Econômica, que patrocina 11 equipes, ainda não fechou com o Palmeiras (fonte). O Santos não tem patrocínio máster desde janeiro, quando foi anunciada a saída de Neymar (fonte). A Adidas deve descontar R$ 3,6 milhões dos R$ 36 milhões que pagaria em 2014 ao Flamengo (fonte). Esses são apenas alguns exemplos desse ano.
O futebol é uma paixão no Brasil e dá muito retorno financeiro às marcas, mas a má gestão dos clubes e a aliança com torcidas organizadas ocasiona uma relação conturbada. As empresas começam a se perguntar até onde vale a pena associar sua imagem com esse tipo de problema, e assim impõem regras e punições duras aos dirigentes, que tentam se virar como podem.
Nesse final de ano vamos esperar que os clubes, a CBF e as autoridades brasileiras tomem decisões mais rígidas e claras, para que em 2014 possamos ter a imagem do futebol brasileiro bem respaldada por grandes marcas. Resta esperar para ver se a atitude da Nissan vai influenciar outras marcas a fazerem o mesmo.
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