Os emblemas dos Jogos Olímpicos de Tóquio de 2020 foram revelados recentemente e vem sendo alvo de duras críticas. Algo normal para uma identidade visual tão simples e ao mesmo tempo tão desconstrutiva.
Esses são os emblemas oficiais dos jogos olímpicos de Tóquio 2020, lançados no final de julho. Não os entendeu muito bem? Eu tampouco, por isso fui buscar as explicações oficiais.
Segundo o Comitê Olímpico primeiro símbolo ilustra a letra “T” que neste caso representa “TOKYO, TOMORROW E TEAM”. O paraolímpico ilustra o sinal “=” que representa a igualdade. O círculo - presente em ambos os emblemas – representa um mundo mais inclusivo.
O preto - que é a combinação de todas as cores - representa a diversidade. E o vermelho, o poder de cada coração que bate. {Vale lembrar que também é o sol que da bandeira japonesa}
Mas, depois de ver o vídeo explicativo, meu medo é que tenha ficado muito arte abstrata e pouco marca comunicadora.
Quanto à tipografia, me parece bem ocidental para todo o significado oriental {estão dizendo que é uma versão reformada da Clarendon}. Suas serifas retas acabam desapontando um pouco quem esperava a combinação de símbolos geométricos e fontes sem serifa. Talvez ela queira trazer um pouco mais de detalhe para o conjunto tão minimalista.
Mas o mais provável é que essa identidade seja vista como uma evolução saudosista à de Tóquio de 1964 do também artista Yusaku Kamekura {agora o amarelo ocre faz sentido, verdade?}. Afinal, os japoneses são muito devotos às suas tradições.
Mas o maior problema {e trunfo} da identidade reside na sua simplicidade, que dá abertura a diversas interpretações, ainda mais nesse mundo tão conectado hoje em dia.
Representar a diversidade por meio de símbolos geométricos que são padrões universais é bem complicado, e ordena-los de uma maneira inédita e inovadora é um trabalho bem difícil. Ainda mais para criar uma marca global como a dos Jogos Olímpicos.
A justiça Belga vai mover um processo contra o Comitê Olímpico Internacional (COI). O designer Olivier Debie alega que o trabalho é uma cópia da marca do Teatro de Liege, lançada em 2013. Ele pede que o Comitê pare de usar o emblema.
Nunca sou de dar muitos ouvidos à boatos de plágio, para mim boas ideias nascem simultaneamente em várias partes, e é normal que coisas saiam parecidas, ainda mais com toda essa exposição tecnológica que há hoje em dia. Mas acho que esse caso passou do bom senso. Realmente as marcas são similares: proporção, posição e quantidade dos elementos, montagem final, tipografia... enfim, quase tudo. Eu também estaria bem nervosa se fosse o designer Belga.
O Comitê insiste que investigou internacionalmente todas as marcas comerciais registradas antes de anunciar a arte final. O designer japonês afirma que jamais havia visto a outra marca. Palavra por palavra vamos ver quem ganha. {Pessoalmente acho bem difícil o belga ganhar essa, por mais que tenha razão.}
Ainda faltam 5 anos para os jogos, e muitas interações e desconstruções ainda serão feitas com essa identidade. Acredito que a melhorarão muito com pictogramas e combinações gráficas mais dinâmicas, deixando a marca um pouco mais comercial, sem perder sua delicadeza japonesa.
Como os japoneses dizem, "2020 está logo aí". Vamos esperar para ver.
Esses são os emblemas oficiais dos jogos olímpicos de Tóquio 2020, lançados no final de julho. Não os entendeu muito bem? Eu tampouco, por isso fui buscar as explicações oficiais.
Segundo o Comitê Olímpico primeiro símbolo ilustra a letra “T” que neste caso representa “TOKYO, TOMORROW E TEAM”. O paraolímpico ilustra o sinal “=” que representa a igualdade. O círculo - presente em ambos os emblemas – representa um mundo mais inclusivo.
O preto - que é a combinação de todas as cores - representa a diversidade. E o vermelho, o poder de cada coração que bate. {Vale lembrar que também é o sol que da bandeira japonesa}
A ESSÊNCIA
Quando o mundo se juntar para Tóquio 2020, nós vamos vivenciar a alegria de nos unir como um time. Ao aceitar todos do mundo como iguais, nós vamos aprender o completo significado de ‘ser um só’. Os emblemas de Tóquio 2020 foram criados para simbolizar o poder dessa unidade.” Site Oficial Tokyo 2020.A identidade da marca e o logo em si foram criadas pelo designer Kenjiro Sano, que teve o seu trabalho escolhido dentre outros 104 concorrentes. O designer é conhecido no país pelos seus trabalhos bem humorados e atua em diversas áreas criativas. Já ganhou diversos prêmios no Japão e no exterior também.
Trabalhos de Kenjiro Sano
O PROBLEMA
Apesar de não gostar da cartela de cores confesso que é interessante encontrar algo que nade contra a corrente gráfica dos eventos anteriores, e que tenha raízes genuínas na arte japonesa.
Emblemas oficiais olímpicos
Mas, depois de ver o vídeo explicativo, meu medo é que tenha ficado muito arte abstrata e pouco marca comunicadora.
Quanto à tipografia, me parece bem ocidental para todo o significado oriental {estão dizendo que é uma versão reformada da Clarendon}. Suas serifas retas acabam desapontando um pouco quem esperava a combinação de símbolos geométricos e fontes sem serifa. Talvez ela queira trazer um pouco mais de detalhe para o conjunto tão minimalista.
Mas o mais provável é que essa identidade seja vista como uma evolução saudosista à de Tóquio de 1964 do também artista Yusaku Kamekura {agora o amarelo ocre faz sentido, verdade?}. Afinal, os japoneses são muito devotos às suas tradições.
Mas o maior problema {e trunfo} da identidade reside na sua simplicidade, que dá abertura a diversas interpretações, ainda mais nesse mundo tão conectado hoje em dia.
Representar a diversidade por meio de símbolos geométricos que são padrões universais é bem complicado, e ordena-los de uma maneira inédita e inovadora é um trabalho bem difícil. Ainda mais para criar uma marca global como a dos Jogos Olímpicos.
PLÁGIO?
É quase 'de praxe' do mercado acusar uma marca de plágio em algum momento. E com os emblemas de Tóquio 2020 não foi diferente.A justiça Belga vai mover um processo contra o Comitê Olímpico Internacional (COI). O designer Olivier Debie alega que o trabalho é uma cópia da marca do Teatro de Liege, lançada em 2013. Ele pede que o Comitê pare de usar o emblema.
Tóquio 2020 (lançada em 2015) e Teatro de Liege (lançada em 2013)
Nunca sou de dar muitos ouvidos à boatos de plágio, para mim boas ideias nascem simultaneamente em várias partes, e é normal que coisas saiam parecidas, ainda mais com toda essa exposição tecnológica que há hoje em dia. Mas acho que esse caso passou do bom senso. Realmente as marcas são similares: proporção, posição e quantidade dos elementos, montagem final, tipografia... enfim, quase tudo. Eu também estaria bem nervosa se fosse o designer Belga.
O Comitê insiste que investigou internacionalmente todas as marcas comerciais registradas antes de anunciar a arte final. O designer japonês afirma que jamais havia visto a outra marca. Palavra por palavra vamos ver quem ganha. {Pessoalmente acho bem difícil o belga ganhar essa, por mais que tenha razão.}
Ainda faltam 5 anos para os jogos, e muitas interações e desconstruções ainda serão feitas com essa identidade. Acredito que a melhorarão muito com pictogramas e combinações gráficas mais dinâmicas, deixando a marca um pouco mais comercial, sem perder sua delicadeza japonesa.
Como os japoneses dizem, "2020 está logo aí". Vamos esperar para ver.